Paris, 23 Mai 2022 (AFP) – A onda de calor que assolou a Índia e o Paquistão em abril e maio se tornou 30 vezes mais provável devido à mudança climática causada pelo homem, de acordo com um estudo científico publicado nesta segunda-feira (23).
Um evento dessa intensidade agora tem probabilidade de ocorrer uma vez a cada 100 anos em um mundo onde a temperatura média subiu 1,2°C em relação aos níveis pré-industriais, explicam cientistas da World Weather Attribution (WWA).
Sem a mudança climática antropogênica, a probabilidade seria de uma vez a cada 3.000 anos, explicou Friederike Otto, do Instituto Grantham do Imperial College de Londres.
E em um mundo onde o aquecimento global chegará a +2°C, essa perspectiva pode aumentar para uma vez a cada cinco anos.
Embora a Índia e o Paquistão não sejam estranhos às altas temperaturas, a precocidade e a intensidade dessa onda de calor, muito antes da estação das monções, é excepcional, disse a WWA.
Fahad Saeed, cientista do clima baseado em Islamabad, alertou sobre os “limites de adaptação” e da “ameaça existencial” que o aquecimento acima de 1,5ºC representaria para as populações mais vulneráveis sem acesso a ar condicionado ou outros meios de refrigeração.
Esta onda de calor sem precedentes deixou 90 mortos, provocou cortes de luz e escassez de água para milhões de pessoas.
Desde 2010, as ondas de calor já mataram mais de 6.500 pessoas na Índia.
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