As pessoas conhecem a Motorola pelo Moto G, mas a empresa tem a linha Edge, que já está em sua terceira edição.
Nas últimas semanas, testamos o Moto Edge 30, a versão mais “básica” do celular premium da Motorola – a mais sofisticada é o Moto Edge 30 Pro.
O Moto Edge 30 chama a atenção pelo visual fino (tem apenas 6,79 mm de espessura) e bom desempenho, mesmo não tendo as características top de linha do seu irmão mais poderoso. É uma opção para quem quer um telefone mais refinado e deseja dar um passo além no mundo dos Moto G.
Por outro lado, a bateria dele pode incomodar quem usa muito o telefone. E ele não tem certificação IP67, portanto não é resistente à água, uma característica já quase padrão em celulares top de linha.
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Pontos Positivos
- Telefone fino e confortável de usar
- Android puro e boa integração com TV graças ao Ready For
- Vem com carregador rápido e outros acessórios, como fone de ouvido
- Ótimo som, sobretudo se você usa fone Bluetooth
Pontos Negativos
- Não é resistente à água
- Sensor de biometria é temperamental
- Jogo Asphalt simplesmente não abria
- Processador poderia ser melhor para um top de linha
Veredito
Moto Edge 30 é um celular para quem quer sair da linha Moto G. Tem visual mais sofisticado, é mais leve e mais fino. Smartphone suporta 5G, tem bateria com capacidade mediana e processador não é top de linha. Motorola oferece até dois anos de atualização do Android (Samsung oferece até quatro, enquanto Realme oferece três). Vem com bons acessórios, como carregador rápido e fone de ouvido.
Você abre a caixa do Moto Edge 30 e sente um perfume. Da mesma forma que tem o cheiro de carro novo, a marca quer que as pessoas tenham experiência parecida ao ganhar um novo telefone. Pessoalmente, achei boa a essência – me lembrou bastante perfumes masculinos cítricos. Pelo menos o público feminino que consultei também aprovou o cheirinho.
Diferente de outras marcas, o celular já vem com uma caixa bem completa de acessórios: um carregador de 33W, um cabo USB-C, uma capa transparente para o celular e um fone de ouvido USB-C.
O Moto Edge 30 tem uma tela de 6,5 polegadas (16,51 centímetros) e é um sanduíche de vidro. Na frente, as bordas são pequenas — o suficiente para não ocorrerem toques involuntários ao segurá-lo — além de contar com um pequeno alto-falante na parte superior e uma câmera centralizada.
Na traseira, pelo menos na versão na cor grafite testada, ficavam algumas marcas de dedo – se incomodar, é só usar a capinha que acompanha o telefone. O módulo da câmera tem uma leve protuberância, que é quase um padrão entre telefones mais sofisticados.
O que talvez chame mais atenção, no entanto, é a ergonomia. Ele é fino (6,79 mm de espessura) e não é tão largo (74,2 mm de largura). Usá-lo com uma mão é tranquilo.
A tela de 6,5 polegadas é de Poled (tecnologia usada em celulares dobráveis e que traz qualidade semelhante à telas OLED) com resolução Full HD+. Tem boa qualidade para assistir vídeos, apresenta bons níveis de detalhe e bom brilho.
Para quem se liga nisso, o brilho máximo da tela é de 950 nits (medida de luminescência; quanto maior o número, mais brilho e, geralmente, melhor visibilidade sob a luz solar). Celulares top de linha, como Galaxy S22+, chegam a até 1.500 nits. Mesmo assim, quando usei o Edge 30 durante o dia, não tive grades problemas para visualizar o conteúdo da tela.
Para quem curte jogos, a taxa de atualização da tela vai até 144 Hz, o que significa gráficos ainda mais vívidos, sobretudo em games de ação.
Na tela há também um sensor de biometria. Tive que me acostumar com ele, pois a área de contato me pareceu pequena. Então, nos primeiros dias de uso, o funcionamento era temperamental, até eu finalmente entender que deveria só colocar a ponta do dedo para desbloqueio do celular.
Enquanto o Moto Edge 30 Pro tem um dos processadores mais sofisticados do mercado, o Edge 30 vem com um Snapdragon 778G+ 5G, que é um chip de gama intermediária para avançada.
Na prática, ele não “engasgou” em nenhuma das atividades propostas, seja para jogar Free Fire ou jogos casuais, como Crash Bandicoot. O tempo de abertura dos apps foi rápido e não houve problemas de travamento.
Só tive um problema com um jogo, que costumo testar em todos os celulares, até para tentar ter um parâmetro mais realista do processador. Por algum motivo, Asphalt 9, da Ubisoft, era instalado, mas durante o carregamento era fechado, sem nenhum tipo de aviso de erro. Tentei reinicializar, segui as sugestões do suporte da própria Motorola (como apagar cache e reiniciar o telefone) e até mandei um e-mail para a Ubisoft. Nada funcionou.
Fora isso, o Moto Edge 30 tem o Android 12 praticamente puro, com uma ou outra intervenção, como lembretes de configurações e as moto ações (balançar o telefone lateralmente aciona a lanterna; balançar na horizontal aciona a câmera).
Algo que merece menção e acaba sendo um detalhe na hora de citar as especificações de um telefone é o áudio. O Moto Edge 30 conta com a tecnologia Dolby Atmos, que emula um som espacial no seu ouvido, sobretudo se você usa fone de ouvido Bluetooth compatível com a tecnologia.
Ao correr na rua com um fone sem fio ligado ao Moto Edge 30, por exemplo, eu não precisava nem deixar no último volume.
Ao emular um som tridimensional, o sistema da Dolby Atmos reconhece o tipo de arquivo (música ou podcast, por exemplo) e adapta a transmissão. No caso de podcasts, por exemplo, as vozes ficam muito mais cristalinas. Mesmo não tendo um fone com cancelamento de ruído, a impressão é que o som toma conta do canal auricular, tornando a audição muito agradável.
Não tem jeito: para fazer um celular fino há perdas e ganhos. Se, por um lado, o Moto Edge 30 é elegante, ergonômico e fino, por outro, sua bateria é apenas ok, com 4.020 mAh.
Durante meu uso, tirando ele do carregador por volta de 8h e finalizando o dia por volta das 23h, ele ainda restava com 20%. Em alguns dias em que usei mais redes sociais, baixava para 15%.
Já aviso que se você depende do telefone para acordar, trate de carregá-lo antes. Ao chegar aos 15%, a bateria rapidamente perde capacidade. Teve um dia que não acordei no horário, pois achei que 15% seria o suficiente para acordar! (Outra opção é colocar no modo de economia de energia.)
Na hora de se recuperar, o Moto Edge 30 conta com um carregador de 33W, que leva o telefone de 15% a 100% em 50 minutos. De 15% a 90%, ele faz em cerca de 35 minutos, o que é uma boa velocidade.
Muitas vezes, entre colocar o telefone para ser recarregado, tomar um banho e me trocar, ele já estava com mais de 80%.
Tradicionalmente, a Motorola nunca foi muito conhecida pela sua ótima qualidade de câmera. As coisas parecem estar mudando aos poucos.
No Edge 20 Pro, que testamos no ano passado, a qualidade já estava boa. No Moto Edge 30, a situação está melhor.
Não há muitas firulas. Você tem modos clássicos como cor em destaque (onde você pode ressaltar a cor de um elemento numa foto), captura dupla (em que dá para filmar/fotografar com câmera frontal e traseira) e cinematograph (que permite fazer fotos em movimento).
Fotos tiradas com o Moto Edge 30
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Imagem tirada durante o dia com o Moto Edge 30. Com boas condições de luz, as fotos saem com cores fidedignas e bom contraste
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Boas cores e contrastes nesta foto tirada durante o dia com o Moto Edge 30
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Imagem tirada com a ultra-grande angular do Moto Edge 30, que amplia o ângulo de visão da cena. O ajuste de cores é bem parecido com o sensor principal
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Boas cores e contrastes nesta foto tirada durante o dia com o Moto Edge 30
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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No modo noturno, o segredo é estabilizar o telefone o máximo possível e evitar captar fontes de luz
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Ao incluir fontes de luz na foto, elas ficam estouradas e atrapalham a estética da imagem, como esta também tirada durante a noite
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Outra foto no modo noturno com boa definição. É comum que neste modo o céu fique claro
Guilherme Tagiaroli
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Selfie tirada durante o dia com o Moto Edge 30
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Selfie tirada durante a noite com o Moto Edge 30
Guilherme Tagiaroli/Tilt
Na traseira, três sensores: dois de 50 MP (principal e ultra-grande angular) e outro de 2 MP, um sensor de profundidade.
A qualidade das fotos é bem boa. No Night Vision, ou modo noturno, o telefone registra imagens bem equilibradas em ambiente com pouca luz. A única questão é que você precisa ficar estável, pois a captura nesses ambientes pode levar alguns segundos.
Quanto a selfies, o sensor de 32 MP dá conta do recado. Em cenas com pouca luz, ele se dá bem, sobretudo se tiver só uma pessoa na foto, pois o flash emitido pela tela é o suficiente para causar uma boa iluminação. Agora, se a ideia é tentar juntar muita gente, pelo menos nos meus testes, as fotos saíam levemente tremidas. Neste caso, a melhor opção é pedir para outra pessoa tirar a foto com seu grupo de amigos usando o sensor principal.
Disponível já em alguns telefones da linha Motorola, o Ready For é uma interface que permite, por exemplo, conectar seu telefone a uma outra tela . Talvez, um dos principais exemplos é fazer chamadas de vídeo e reproduzir a imagem na televisão.
Outra funcionalidade é transformar o telefone em um “desktop móvel”. Dessa forma, ao projetar uma interface do smartphone numa tela, é possível, por exemplo, exibir imagens e vídeos captados pelo celular ou até mesmo trabalhar em um documento no Google Docs – se a ideia é digitar, pode ser uma boa parear um teclado Bluetooth ao telefone; se for jogar, é melhor parear um controle.
Para quem tem computadores Windows, é possível ainda usar a câmera do celular como webcam, para quem não quiser depender das câmeras de baixa qualidade da maioria dos laptops.
A conexão é feita via Miracast, protocolo das TVs atuais que suporta transmissões via smartphone Android (em outros telefones da marca, é possível fazer conexão via cabo). E é relativamente fácil de usar — a opção Ready For fica na mesma área em que se ativa o Wi-Fi e o Bluetooth.
A experiência de uso é boa, mas pode melhorar. Navegar com o cursor (uma interface na tela do smartphone) foi complicado em alguns momentos. A seta parecia ter vida própria nos primeiros testes. E não consegui achar uma forma fácil de configurar que o som saísse pela TV no caso de uma videochamada pelo WhatsApp. De qualquer jeito, é uma opção interessante dos celulares das Motorola.
O Moto Edge 30 é claramente uma opção de transição para quem tem Moto G e quer algo a mais. Ele traz um visual mais sofisticado, um acabamento mais premium e um preço mais salgado – na casa dos R$ 3.600 no varejo.
Por cerca de R$ 1.000 a mais, é possível comprar o Moto Edge 30 Pro, a versão mais sofisticada da linha, com mais bateria e o processador Snapdragon 8 Gen 1, um dos mais sofisticados da atualidade. Tem ainda o Moto G200, que conta com um bom processador, e pode ser encontrado por um preço semelhante ao do Edge 30.
Comparando com concorrentes, a Motorola oferece suporte a até duas atualizações do Android, enquanto Samsung promete até quatro, e a Realme oferece três.
Isso parece justificar, em parte, o preço menor do Moto Edge 30. O Galaxy S22 lançado no início do ano pela Samsung é encontrado no mercado com preço que varia entre R$ 3.600 (em planos pós-pagos de operadoras) a R$ 5.400 (no varejo).