Micareta SP: empresa reconhece falha em ingressos e cria canal para vítimas – 11/06/2022


A organização do festival Micareta São Paulo, que ocorre entre 16 e 18 de junho, reconheceu neste sábado (11) que houve problemas na compra digital de ingressos por parte de alguns clientes e que está investigando o caso. Após a compra de entradas online para o evento — que reunirá artistas como Ivete Sangalo, Luísa Sonza e Pabllo Vittar —, pessoas começaram a relatar que seus cartões foram clonados.

Uma das vítimas, o consultor Tay Paes, disse em entrevista que estava no cinema e que havia recebido uma mensagem no celular de uma tentativa de compra em um hotel em Gramado (RS). No Twitter, várias outras pessoas relataram experiências semelhantes.

Em nota enviada a Tilt, a San Folia, empresa responsável pelo festival Micareta São Paulo, diz que contratou uma auditoria externa para averiguar a responsabilidade de prestadores de serviço contratados para operar as vendas e a coleta de dados.

Por conta do incidente, a empresa diz que tem processado compras online em seu site por meio do sistema da Cielo – antes, a San Folia tinha como prestadoras de serviço as empresas Digita, GetNet e Santander. “Lamentamos imensamente os transtornos causados a alguns clientes”, informa nota da companhia.

Para quem foi lesado, a San Folia passou a disponibilizar um canal de suporte para clientes para orientações e esclarecimentos. Para entrar em contato, basta enviar uma mensagem via WhatsApp para o número: +5521967238462

Relatos de compras não reconhecidas

Por volta de 7 de junho, pessoas que compraram online ingresso para o festival Micareta São Paulo começaram a relatar problemas no Twitter.

Mesmo pessoas que compraram entradas usando o cartão virtual (que pode ser usado com um número temporário para compras, dificultando golpes) também foram alvo de golpes.

Pedro Costa, 30, comprou o ingresso na semana passada e, no dia seguinte, começou a receber notificações de movimentações que não reconhecia em seu cartão virtual.

“Comprei [o ingresso] na terça-feira à noite. Na quarta-feira de tarde, recebi a primeira notificação, de que meu cartão havia sido verificado numa empresa X. Só que eu não tinha feito nada com essa empresa”, afirma.

Como costuma ser padrão nessas tentativas de fraude, a primeira compra suspeita foi feita com um valor baixo. No caso de Costa, de R$ 10.

Ele então buscou reduzir o limite do seu cartão virtual —o que se provou uma atitude correta. Na quinta-feira, uma compra maior foi tentada pelos golpistas no valor de R$ 500. “Se eu tivesse limite suficiente, ela teria sido aprovada. Preferi cancelar o cartão.”

A gestora de tecnologia Julia Dorigo, 39, também usou um cartão virtual para comprar seu ingresso para a Micareta SP. Ontem (8) ela foi alvo de uma tentativa de golpe em uma compra de cerca de R$ 4.000, mesmo depois da mudança dos organizadores do evento para outro sistema de pagamento.

“É chato, mas cada vez está acontecendo mais”, diz Dorigo, que afirma estar enfrentando a terceira tentativa de clonagem de cartão só este ano. Ela se queixa do trabalho que tem para cancelar e, depois, recadastrar os cartões em aplicativos de delivery de comida, de transporte e sites de pagamento.

“Acho que os bancos precisam melhorar os processos deles também”, destaca. “São operações completamente diferentes de qualquer outra [registrada] no meu cartão, a IA [inteligência artificial] deles tem que ser capaz de detectar [fraudes].”

De quem é a responsabilidade?

O problema relatado pelos internautas ainda precisa ser investigado.

Contudo, Gisele Truzzi, advogada especializada em direito digital, explica que em situações de clonagem de cartão a partir de compras feitas por meio de intermediadoras (como operadoras de cartão de crédito), a responsabilidade jurídica é das duas empresas: tanto a que está vendendo um produto quanto a que está processando o pagamento do mesmo.

Ambas são obrigadas por lei a arcar com o prejuízo que os consumidores lesados tiveram, destaca. As vítimas de golpes nesse tipo de situação devem registrar um boletim de ocorrência e juntar provas que vinculem a clonagem à compra.

Dessa forma, elas poderão acionar judicialmente as empresas, tanto pelo prejuízo financeiro sofrido quanto pelo dano moral — caso seja confirmado que a fraude partiu de vazamento de dados pessoais.

A ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) também deve ser acionada em caso de vazamentos.

Como diminuir o risco de ter o cartão clonado

Ainda não existem soluções definitivas para que falhas de segurança e uso indevido de dados sejam impedidas, mas algumas estratégias ajudam a aumentar a nossa segurança.

Segundo Truzzi, ao fazer uma compra por um site, é preciso se certificar que ele possui certificados de segurança válidos e que não é uma página falsa. Endereços (URLs )com “https” e que exibam um cadeado na parte inferior do navegador indicam protocolos de segurança mais rígidos.

Uma outra dica importante é pesquisar pelo nome do site em questão para ver se há incidentes de segurança relacionadas a ele, como postagens nas redes sociais ou denúncias em serviços como o “Reclame Aqui”.

No caso de compras feitas junto a intermediadores de pagamentos, por exemplo, é relevante também conhecer a reputação dessas empresas. “As chances de ter um incidente ou um problema com um meio de pagamento de boa reputação, são bem menores”, diz a advogada.

A Micareta São Paulo

A Micareta São Paulo será realizada na Arena Anhembi, na capital paulista, entre os dias 16 e 18 de junho, paralelamente à Parada LGBTQIA+.

Além das atrações já mencionadas, estão previstos shows de Daniela Mercury, Claudia Leitte, Gloria Groove, Ludmilla, Alinne Rosa e É o Tchan. Uma nova edição do evento está prevista para novembro, em Salvador, com atrações similares.

*Com reportagem de Aurélio Araújo



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