Yuki, Japão, 23 Abr 2022 (AFP) – Símbolo nacional do Japão, as famosas cerejeiras cobrem o país em um manto de delicadas flores brancas da popular árvore “somei-yoshino”, encantando moradores e turistas. Agora, alguns querem renovar a tradição, ampliando a paleta de cores.
A temporada de “sakura” (flor de cerejeira) causa uma febre nacional, com os serviços meteorológicos competindo para adivinhar quando chegará, e os japoneses estendendo seus cobertores de piquenique para festas de observação das flores.
A floração da variante dominante “somei-yoshino”, que representa mais de 90% das cerejeiras plantadas no Japão, dura apenas uma semana. Costuma acontecer de forma simultânea na mesma região, porque as árvores são clones de um único espécime.
Embora a árvore tenha-se tornado sinônimo de “sakura”, é uma dor de cabeça crescente para as autoridades municipais. Essa variedade é propensa a doenças e tende a crescer demais para ser bem aparada nas áreas urbanas.
“Trata-se de plantar a flora certa no lugar certo”, diz Hideaki Tanaka, especialista em “sakura” que está tentando popularizar outras variações.
“Existem todos os tipos de ‘sakura’, não apenas somei-yoshino. Quero ajudar a recriar os velhos tempos, em que as pessoas desfrutavam de uma grande variedade”, diz Tanaka, 63 anos.
Este homem administra uma fazenda em Yuki, na província oriental de Ibaraki, onde tem cerca de 1.000 cerejeiras de 400 variedades diferentes.
– Promover a diversidade -Sua fazenda é administrada pela Associação da Flor do Japão, que envia espécimes de cerejeira para comunidades que desejam criar paisagens peculiares para atrair turistas e agradar aos moradores.
Eles já distribuíram três milhões de sementes, inclusive da onipresente linhagem “somei-yoshino”. Agora, promovem a cepa “jindai-akebono”, que é mais resistente a infecções e cresce até um tamanho mais discreto, facilitando a poda.
Suas flores nascem em torno de quatro dias antes do “somei-yoshino” e são de cor rosa mais escura.
Durante o feroz desenvolvimento urbano entre as décadas de 1950 e 1980, as cidades competiram para plantar milhões de árvores “somei-yoshino” de rápido crescimento.
Décadas depois, muitas dessas cerejeiras não foram podadas adequadamente. Além disso, têm um crescimento longo, às vezes tão alto quanto um prédio de cinco andares, com galhos largos, troncos enormes e, eventualmente, com buracos e raízes volumosas que podem rachar calçadas.
Os exemplares mais altos podem representar um perigo durante a temporada de tufões, o que dá mais motivos às autoridades para considerarem uma substituição.
Antes, porém, terão primeiro de convencer os moradores.
hih/sah/leg/dbh/me/gf/tt