Do que você abriria mão para ter um iPhone novinho em folha, com excelente processador e que fique no seu orçamento? Conjunto de câmeras versátil? De uma tela grande? Bateria de longa duração? O iPhone SE de 3ª geração, que chegou ao Brasil em abril, é um bom exemplo desses parâmetros: o modelo abre mão de ter certas configurações para custar menos.
Assim como os antecessores da linha SE, ele chega com o processador mais moderno que a Apple tem hoje —neste caso, o A15 Bionic—, mas num corpo antigo, o mesmo do iPhone 8, lançado em 2017.
O resultado é um celular simples e eficiente, que não empolga e não decepciona. O design traz limitações técnicas que vão além do visual, mas também algumas vantagens que celulares mais modernos não têm.
Segundo a Apple, ele é um modelo criado para ser um celular de entrada no ecossistema da empresa. Ou seja, o primeiro iPhone de consumidores que desejam investir menos. Tilt testou o lançamento por algumas semanas e conta agora qual se isso faz sentido.
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Baixa resolução e baixo brilho atrapalham a experiência de quem está acostumado com telas melhores
Faltam lentes extras para dar mais versatilidade à experiência; mas de modo geral o único sensor é competente
Processador A15 Bionic faz deste o celular mais rápido da sua faixa de preço
Leve, fino e compacto, cabe em qualquer bolso ou mochila
Dura menos de um dia inteiro de uso moderado
Apesar de antigo, é compacto, leve e fácil de usar com uma mão
Há iPhones (e Androids) melhores em alguns aspectos por preços parecidos
Pontos Positivos
- Desempenho de alto nível garante uma experiência sem travamentos e com longa perspectiva de vida útil.
- Design simples e compacto permite o uso confortável com uma mão; cabe em qualquer bolso de calça ou camisa.
- Desbloqueio por impressão digital (Touch ID) é mais confiável e prático do que o reconhecimento facial (Face ID) de iPhones mais recentes.
Pontos Negativos
- Bateria exige recarga uma vez por dia com uso moderado, e tende a ficar pior com o passar do tempo.
- Câmera única é limitada diante de rivais: não tem segunda opção de ângulo, nem modo noturno para clarear cenas escuras.
Veredito
O iPhone SE de 3ª geração é o equivalente a um ‘macarrão instantâneo’ entre celulares: simples, não tão caro e agradável. Mas não é uma refeição completa, e por isso pode não te deixar satisfeito no final. O corpo compacto é confortável e o desempenho é top de linha. Mas o design antigo torna o aparelho mais frágil a quedas e ao contato com água. A bateria é limitada. Há rivais Androids melhores e mais baratos, e iPhones de gerações anteriores que podem valer mais a pena.
O UOL pode receber uma parcela das vendas pelo link de compra recomendado neste conteúdo. Preços e ofertas da loja não influenciam os critérios de escolha editorial.
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Repetindo o antecessor, o iPhone SE (2022) vem com o mesmo corpo do iPhone 8, de 2017, mas que, a olhos menos treinados, pode muito bem se passar por um iPhone 7 ou 6, seguindo um padrão estético que vem desde 2014.
Indo além da questão estética, o corpo do iPhone SE deste ano é mais frágil que o de iPhones mais recentes (e mais caros) em termos de queda. Isso acontece porque ele não tem o Ceramic Shield de um iPhone 12 ou 13, por exemplo, tecnologia que usa cristais de nanocerâmica na composição do vidro para torná-lo mais resistente.
No quesito riscos no display, cuidado. Em poucos dias de uso, o aparelho de teste já apareceu com marcas nas bordas, provavelmente de tanto entrar e sair de bolsos e mochilas.
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Riscos na borda do iPhone SE 2022
Imagem: Lucas Carvalho/Tilt
Outro dado importante é que o nível de proteção contra água e poeira aqui também é mais baixo. O iPhone SE 3ª geração tem certificação IP67 e a Apple diz que ele sobrevive a mergulhos de 1 metro por até 30 minutos.
Já o iPhone 13 tem certificação IP68 e sobrevive a uma profundidade de 6 metros pelos mesmos 30 minutos.
As vantagens, porém, ficam por conta da usabilidade. Mais compacto, o iPhone SE é muito confortável de usar. Ele também é mais fino que o iPhone 13 (7,3 milímetros de espessura, contra 7,6 do modelo mais caro) e também mais leve (144 gramas contra 173 gramas).
O método de desbloqueio também é um agradável retorno ao passado. O Touch ID é uma solução mais rápida e prática: não importa a condição, o leitor de impressões digitais sempre funciona.
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Na “cara” do iPhone SE, porém, as desvantagens são maiores que as vantagens. Além de ser menor, o painel LCD tem menos resolução e menos brilho do que celulares igualmente recentes e até mais baratos.
A telinha de 4,7 polegadas (11,9 centímetros de uma ponta à outra na diagonal) pode agradar a quem prefere painéis pequenos, mas é inegável que a experiência de ver vídeos, filmes, séries ou jogos é prejudicada em comparação com telas maiores.
A não ser, claro, se você tiver no momento um celular mais antigo. Neste caso, sua experiência com o SE deste ano será muito melhor.
A resolução é HD: 1.334 por 750 pixels, numa densidade de 326 pixels por polegada.
Como comparação, o iPhone 13 mini (o mais barato entre os lançamentos da linha 13: R$ 4.999) exibe 2.340 por 1.080 pixels a 476 ppp.
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iPhone 13 mini (à esq.) e iPhone SE 2022 (à dir.): tela pequena em corpo grande
Imagem: Lucas Carvalho/Tilt
O baixo brilho da tela do iPhone SE foi um ponto que não gostei. Tive que fazer mais força para enxergar o conteúdo da tela sob o sol forte, por exemplo
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Não dá para dizer que as câmeras do iPhone SE de 3ª geração são ruins. Mas também não dá para dizer que impressionam, comparado a outros modelos top de linha nessa faixa de preço.
A lente traseira única é de 12 MP. Se você não se importa em não ter mais opções de ângulos e de zoom, não vai se decepcionar.
O resultado das fotos é muito bom, com bons contrastes, cores realistas e alto padrão de qualidade Apple nas imagens. Em condições equiparáveis, mal dá para notar a diferença entre uma foto feita no iPhone SE 2022 e uma feita com a lente principal do iPhone 13 (que custa atualmente a partir de R$ 5.399).
O mesmo vale para a câmera frontal. Embora tenham menor resolução (são só 7 MP, contra os 12 MP dos iPhones 13), as selfies feitas com o lançamento são bem competentes e não deixam muito a desejar em comparação com outros celulares modernos.
Em termos de software, o aparelho tem uma agradável surpresa: suporte aos estilos fotográficos, recurso que a Apple estreou nos iPhones 13 e que permite mudar um pouquinho a calibragem padrão das cores nas fotos. Coisa que iPhones 12 e 11 não têm.
O modo retrato também foi preservado aqui, mesmo na câmera frontal, e com todos os filtros de iluminação artificial dos outros telefones da Apple. O resultado, porém, continua no mesmo patamar de sempre: bacana, mas artificial. Não dá para confundir com o fundo borrado de uma câmera profissional.
Uma desvantagem grabde do SE aqui é que não existe o modo noturno, aquele recurso de software que permite clarear uma foto tirada num ambiente escuro. Ele até aumenta o brilho de cenas escuras automaticamente, sem exigir o flash, mas isso acaba matando o contraste, deixando a imagem mais artificial e prejudicando a resolução.
Fotos tiradas com o iPhone SE 2022
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Foto tirada com o iPhone SE 2022
Lucas Carvalho/Tilt
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Foto tirada com o iPhone SE 2022
Lucas Carvalho/Tilt
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Foto tirada com o iPhone SE 2022
Lucas Carvalho/Tilt
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Selfie tirada com a câmera frontal do iPhone SE 2022
Lucas Carvalho/Tilt
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Foto noturna tirada com o iPhone SE 2022
Lucas Carvalho/Tilt
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Selfie tirada com o modo retrato do iPhone SE 2022
Lucas Carvalho/Tilt
O modo noturno faz falta especialmente se comparado a outros celulares de câmera única que conseguem fazer isso muito bem só com software —é o caso do meu velho Google Pixel, de 2016, por exemplo. Por algum motivo, a restrição da Apple parece ser física, e não digital.
Em resumo, para fotos e vídeos do dia a dia, cenas do cotidiano para mandar para os amigos e família, ou para postar nas redes sociais, as câmeras do iPhone SE 2022 são melhores do que muito celular mais caro. Mas não são as mais versáteis.
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O único componente do iPhone SE que não é ultrapassado é o processador. Além de conexão 5G, o chip A15 Bionic promete manter o desempenho do telefone em alta velocidade por muitos anos.
Como era de se esperar, o iPhone novo não trava. Games pesados rodam com a mesma tranquilidade que os apps mais leves. Dá para dizer que este aparelho é provavelmente o mais rápido dessa faixa de preço no Brasil hoje.
A memória, porém, poderia ser melhor: apps esquecidos em segundo plano há mais de um ou dois dias vão reiniciar quando você abri-los novamente, em vez de continuarem da mesma tela em que pararam. Um detalhe quase insignificante diante de uma experiência de uso tão tranquila. Pelo menos foi isso o que ocorreu durante os testes.
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Para quem gosta de números, lá vai: no aplicativo Geenkbench 5, que calcula a performance da CPU de celulares, tablets e computadores, minha unidade do iPhone SE 2022 fez
- 1.741 pontos em single-core (quando apenas um núcleo do processador é estressado)
- 4.730 pontos em multi-core (quando múltiplos núcleos são estressados simultaneamente).
Em single-core, o resultado é melhor que o do iPad Pro de 3ª geração, que vem com um processador M1, também da Apple. Em multi-core, o iPhone SE se saiu melhor que o iPhone 12 Pro Max e quase duas vezes melhor que o seu antecessor, o SE de 2ª geração, de 2020.
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A bateria, porém, deixa muito a desejar. Em geral, ela dura quase um dia inteiro de uso moderado —média de 1 hora e 40 minutos de tela ligada por dia—, mas eu esperava mais de um aparelho tão simples, sem recursos mirabolantes que poderiam consumir mais energia.
O fato de eu ter que manter a tela sempre no brilho máximo para conseguir enxergar pode ter ajudado a gastar a bateria mais rápido. Ela é fisicamente pequena (só 2.018 mAh) e o aparelho não é vendido com o carregador na embalagem.
É de se imaginar que, no futuro, esse iPhone SE comece a durar ainda menos tempo longe da tomada, e você tenha que colocá-lo para carregar duas vezes por dia. Com uma autonomia dessas, ser ultra rápido não parece mais uma vantagem tão grande, pois isso se manterá por um período apenas.
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Mesmo limitado, gostei de usar o iPhone SE. É simples, mas ao mesmo tempo rápido e confiável para tarefas básicas.
Mas ainda é difícil justificar a compra do aparelho pelo preço —mesmo para quem é fã da Apple e não troca o iOS por nada, nem por um Android objetivamente melhor e mais barato.
Isso porque existem iPhones melhores e mais baratos no mercado hoje. Um iPhone 11, de 2019, por exemplo, é rápido, tem um design moderno, mais câmeras, tela melhor, e você pode encontrá-lo por até R$ 3.599 em algumas lojas.
Em comparação com o iPhone 11, a única vantagem do SE é a conexão 5G e o processador A15 Bionic, que garantem que ele vai continuar potente e adaptado à internet mais rápida por mais tempo.
O iPhone SE de 3ª geração só é uma boa opção em um caso muito, muito específico: se você quer um celular da Apple com o processador mais potente do momento, com Touch ID e curte uma tela pequena.
Comprar só porque é “o iPhone mais barato do momento”, não compensará o custo-benefício atual.