IA promete prever se você terá morte cardíaca em até 10 anos


Uma nova inteligência artificial pode ajudar a humanidade na tão sonhada vida prolongada. A tecnologia promete “prever o futuro” e saber se um paciente deve ter uma morte cardíaca súbita (MCS) em até 10 anos.

Parece coisa de ficção científica, mas não é. A máquina inteligente foi desenvolvida pela professora Natalia Trayanova, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

MCS é um grave problema de saúde pública internacional e desenvolve-se mais frequentemente em adultos mais velhos com doença cardíaca estrutural adquirida, segundo a National Library of Medicine (NIH). Esse tipo de “falha elétrica” no coração é responsável por cerca de 15 a 20% das mortes anuais.

Sem uma medida preventiva, a maioria dos indivíduos que sofre uma parada cardíaca desse tipo não sobreviverá, apesar das melhorias nos processos de ressuscitação nos últimos anos.

Como funciona?

Para entender melhor, MCS não é a mesma coisa que um ataque cardíaco causado por obstrução das artérias. O MCS é mais silencioso e pode atacar de surpresa. Trata-se de um problema elétrico que impede o coração de bater corretamente. Dessa forma, um diagnóstico inteligente, com essa margem de antecedência, pode ser revolucionário para salvar vidas.

O sistema de IA foi treinado com dados de 10 anos de exames dos pacientes que participaram do teste. Foram usados registros de 156 pacientes com problemas cardíacos, incluindo resultados de ressonância magnética, além de dados clínicos como peso, hipertensão e até histórico de uso de drogas.

Com todo esse conhecimento adquirido, o algoritmo é capaz de identificar padrões cardíacos irregulares, como a presença de tecido cicatricial — uma espécie de tecido “ferido” do coração, que pode surgir com paradas ou arritmias — e calcular a probabilidade de a pessoa ter um MCS nos próximos 10 anos.

Com essa margem de antecipação, médico e paciente podem se programar para tomar as melhores prevenções futuras. “Você pode dizer: ‘Ok, você tem 50% de chance de ter [um MCS] em cinco anos, mas esse é o nível de certeza que eu tenho disso'”, afirma Trayanova, em entrevista ao site Fast Company.

O novo sistema de diagnóstico preventivo foi testado com diagnósticos e dados de pacientes de 60 centros de saúde nos Estados Unidos.

Por que isso importa?

O estudo que descreve essa IA, publicado em abril deste ano na revista científica Nature Cardiovascular Research, promete inclusive poupar os pacientes de cirurgias desnecessárias e sofrimento prolongado.

Isso porque, atualmente, a forma de tentar evitar uma morte desse tipo ainda é dolorosa e arriscada. Caso se descubra essa “falha” no coração com antecedência, a solução preventiva seria instalar um dispositivo desfibrilador no corpo da pessoa.

“Não é divertido viver com esse dispositivo. É como um cavalo chutando você no peito — é muito doloroso”, afirma Trayanova.

O equipamento, além de incômodo, também pode descarregar ou ter mal funcionamento ao longo do tempo. Existem até estudos que mostram que ele pode aumentar o risco de mortalidade, segundo a pesquisadora.

Com isso, a IA chega como uma ajuda preventiva indolor e inteligente. Outro ponto é a promessa de ajudar médicos a diagnosticarem melhor os pacientes. Isso porque muitas das pessoas que acabam tendo que implantar o desfibrilador, por vezes, nem precisam deles.

Sintomas de MSC

A resposta está nos ventrículos do coração. Para o diagnóstico preciso, é necessário fazer exames para observar o fluxo de sangue durante os batimentos. No resultado, aplica-se normalmente a “regra dos 30%”, segundo a pesquisadora.

Ou seja, se for detectado que menos de 30% do sangue de dentro de um ventrículo cheio está sendo bombeado para fora a cada batimento, o procedimento padrão é aplicar o desfibrilador por intervenção cirúrgica.

E isso acaba colocando todos os pacientes sob o mesmo diagnóstico. Caso uma pessoa com baixa ejeção de sangue no exame seja classificada pela IA como baixo risco de MSC, soluções alternativas poderiam ser exploradas antes da cirurgia. Como, por exemplo, manter um acompanhamento médico regular.



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