Tilt: Como vocês têm lidado com as concorrentes chinesas? Chega a ser um problema ou passa longe de ser uma preocupação?
SB: Podemos competir com qualquer fabricante de qualquer região. Não é fácil, mas somos competitivos – não custa lembrar que somos chineses também [a chinesa Lenovo é dona da Motorola Mobility]. Sobre ser uma preocupação é, sim, mas não um problema.
O que importa para gente no fim das contas é o consumidor. Por isso estamos trazendo som estéreo para o Moto G e outras inovações.
Claro que a gente olha a concorrência, mas não é isso que nos pauta, se não estaríamos fazendo coisas no momento errado e de forma equivocada.
Para a gente, o consumidor está na frente de tudo, e a concorrência é algo saudável. Faz com que tanto nós quanto eles se mexam mais rápido.
Tilt: O motivo da minha pergunta é que existe uma presença forte de algumas companhias no mercado cinza [importações feitas por canais não oficiais e que não pagam imposto]. Isso prejudica vocês?
SB: Não estamos de acordo com o mercado cinza. Precisa ter uma equidade: as empresas deveriam ter investimentos e pagar impostos.
Este é um problema da indústria e as pessoas deveriam ter consciência disso. Temos de ser competitivos com o que é correto, e criticar o que não é saudável.
Se for ver, temos fábrica no país e empregamos mais de 8 mil pessoas. Mesmo assim, temos preços competitivos. Às vezes o consumidor tem uma impressão falsa ao ver um produto muito barato, e isso não é legal.
Este tipo de problema [do mercado cinza] se resolve com foco. É uma preocupação presente e sabemos que as autoridades têm tomado ações.
Tilt: Nós já não chegamos ao pico de inovação do smartphone? Hoje em dia não há grandes mudanças: a maioria dos telefones tem câmeras boas, fazem chamada de ótima qualidade e servem para redes sociais.
SB: Nunca. Esta é uma visão conservadora. As pessoas se adaptam à tecnologia. “Eu preciso de 5G? Não sei”. Daqui a 6 anos as pessoas vão pensar: “putz, como eu vivia sem o 5G?”.
É ilimitada a capacidade das pessoas de absorverem tecnologia — o que é bom, pois a sociedade evolui através disso. Não é aqui dentro em si [apontando para o telefone] que a mudança vai vir, mas o que o smartphone vai te habilitar a fazer.
O telefone é pessoal. Então, há recursos de saúde que podem ser habilitados, o que traz possibilidades ilimitadas. É o único dispositivo que está com a pessoa o dia inteiro onde ela estiver. Facilmente, o telefone pode ser seu “médico pessoal”.
E acho que ainda tem muita coisa para acontecer, seja em software, hardware, em ecossistema, em seamless — essa ideia de você estar conectado a várias coisas. Dá para melhorar em latência, em velocidade.
Tem também a parte de hardware. Teremos mais telas dobráveis, como a do Razr, e novos tipos de interação.
Enfim, vamos cumprir nosso papel nessa parte. Tem muita inovação para acontecer ainda.
*O jornalista viajou para Chicago a convite da Motorola