Um dos principais focos da Meta no metaverso é sua aplicação no ambiente de trabalho. Em abril, o CEO Mark Zuckerberg até fez uma publicação no Facebook sobre como será o home office virtual.
Mas, segundo três universidades europeias, será bem desconfortável. Essa foi a conclusão do primeiro estudo comparativo a sério sobre o uso dos Oculus, da Meta, para gerar realidade virtual em locais de trabalho.
Durante cinco dias, em turnos de oito horas, 16 pessoas (dez homens, seis mulheres) foram monitoradas pelos cientistas. Todas utilizaram o modelo comum do Oculus Quest 2 HMD e teclado físico Logitech K830 com touchpad integrado para trabalhar.
Os resultados foram comparados a um mesmo período em que essas pessoas trabalharam normalmente, sem o recurso da realidade virtual.
Para ir direto ao ponto, as principais conclusões:
- Quase metade dos participantes (48%) relatou cansaço visual;
- 42% disseram ter ficado frustrados;
- 35% acharam significativamente pior enfrentar as tarefas com o uso da VR;
- 19% admitiram ansiedade.
O time dos satisfeitos é minoritário: 20% declaram ter gostado da experiência e 16% citaram aumento de produtividade.
Depois de entrevistar os participantes do experimento, os pesquisadores concluíram que a grande maioria espera que os fabricantes consigam desenvolver óculos ou outros equipamentos mais confortáveis e eficientes.
Uma parte dos que enfrentaram a maratona de trabalho concluiu que a realidade virtual ajudou-os a ter mais foco e privacidade.
Outros viram um ponto negativo nesse mesmo isolamento, seja por um sentimento de mal-estar causado pela incapacidade de perceber quem está próximo, seja por estarem mais acostumados ao trabalho presencial, junto aos colegas.
No final, o estudo admite que, apesar da experiência geralmente negativa relatada pela maioria dos participantes, todos comentaram que poderiam se imaginar usando RV ao menos para algumas tarefas de trabalho ou pelo menos durante parte do dia.
Os resultados da pesquisa acabaram de ser publicados. O trabalho foi realizado por 11 pesquisadores da Universidade de Ciências Aplicadas de Coburg, na Alemanha, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e da Universidade de Primorska, na Eslovênia, além de dois integrantes do time de investigação da Microsoft.
Nossa experiência foi assim
Os colunistas não fizeram nenhum estudo científico, mas já usaram, mais de uma vez, os Oculus Quest para trabalho. Testamos diferentes soluções como Workrooms (Meta), Immersed (Immersed) ou o vSpatial (vSpatial).
A princípio, nossas conclusões são semelhantes: ninguém aguenta muito tempo de trabalho desse tipo, por enquanto.
Antes de mais nada, pelo fato de que as baterias duram apenas duas horas. Mas também porque os olhos começam a incomodar, em razão das limitações técnicas das lentes. Olhar para os lados demanda virar a cabeça, pois as lentes não entendem movimentos dos olhos.
Temos mais foco e podemos ser mais produtivos, como relataram alguns participantes do experimento, mas não fomos capazes de digitar na mesma velocidade que apresentamos sem os Oculus.
É importante notar que existe um fator adicional, não analisado no estudo. Um dos princípios da pesquisa foi criar ‘condições de trabalho semelhante’ no ambiente virtual e real.
E esse ambiente de ‘baia de trabalho’, onde o funcionário passa 8 horas olhando para o computador, é justamente uma das coisas que a realidade virtual pode modificar.
No mundo virtual, nada impede que você trabalhe na beira de um idílico lago, de uma estação espacial ou de um cibercafé.
A disposição de várias telas para compartilhar, exibir ou comentar gráficos, vídeos e anotações é outro ponto positivo.
Além disso, claro, a possibilidade de estar ao lado de quem está longe (Pedro em São Paulo, Paulo em Lisboa), ainda que envergando um avatar, e dispor de um teclado que podemos utilizar com “mãos digitais” datilografando no teclado real (que olhamos pelos Oculus) é muito promissora e tem potencial para projetos colaborativos e times remotos.
Em resumo, o futuro parece promissor. O presente é ainda cheio de percalços.