como novas tecnologias são usadas para definir conflitos


Um contrato polêmico do Pentágono mostra bem quanto dinheiro o Departamento de Defesa dos EUA tem para direcionar para a iniciativa privada atrás de novas ferramentas. O chamado Project Maven virou notícia em 2018 quando funcionários do Google protestaram após descobrirem o acordo da empresa com a área militar do país. A parceria envolvia o desenvolvimento de uma inteligência artificial capaz de reconhecer objetos nas filmagens feitas pelas câmeras de drones militares.

“Fui contatada por funcionários do Google em Zurique, Berlim, Gana… de todo mundo, não só a matriz do Google na Califórnia. E eles diziam: ‘por que estou trabalhando para uma empresa multinacional que tem relação com as forças armadas de um país?'”, lembra Wareham.

O projeto nem renderia tanta grana ao Google, mas era visto por executivos como um caminho para ganhar um contrato bilionário de serviços de computação na nuvem para o Pentágono. A pressão interna fez com que a empresa deixasse os dois projetos, mas startups financiadas pela empresa abocanharam os contratos.

Outras gigantes de tecnologia também se fazem presente em projetos semelhantes. A Microsoft, por exemplo, iniciou um acordo de US$ 480 milhões para fornecer 100 mil óculos HoloLens. Com eles, soldados usarão visores para detectar alvos com precisão para poderem atirar mais rápido —o próximo passo é remover o humano da equação. Esse dispositivo está disponível desde meados de 2021.

O Project Maven continua com empresas como a startup Anduril Industries, que desenvolve um sistema de realidade virtual que providencia uma visão virtual do front militar a soldados, dá a habilidade de identificar alvos e direciona veículos militares não-tripulados ao combate.

Para os críticos, a disseminação de recursos desse tipo traz como risco o fato de que países passem a tomar menos cuidado para iniciar um conflito.



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