Existe aquele velho clichê que diz que se você ama alguém precisa deixá-lo ir. Términos de relacionamento nunca são fáceis de encarar. Dói e machuca ver alguém que a gente ama partir por escolha. Mas tempo e distância são os únicos remédios conhecidos para curar um coração partido.
Ter paciência para esperar e se manter longe, no entanto, pode ser um desafio quando o perfil de alguém está a poucos cliques de distância. Quem nunca caiu na tentação de dar aquela stalkeadinha? É realmente difícil resistir, mas especialistas em encontrar a cura para a tristeza pós-término recomendam que você não faça isso. E dizem mais: se precisar, bloqueie.
Não existe certo ou errado na hora de tomar essa decisão, mas, para te ajudar a meter o dedo no block sem dó e sem culpa, aqui vão alguns conselhos:
1. Fuçar não vai mudar nada
Ok, nenhum término acontece de forma totalmente tranquila, então tudo bem ter um pouco de raiva ou ranço, mas ficar procurando a rede social alheia para ver se aquela pessoa já se ferrou na vida só vai aumentar o seu mal-estar. Bloquear e tirar aquilo da frente vai te ajudar a se preservar e não passar raiva nem tristeza.
“As redes sociais provocam o nosso pior”, opina Heloísa Capelas, especialista em autoconhecimento no Centro Hoffman no Brasil. “Elas ampliam a nossa capacidade de nos relacionarmos, mas, por outro lado, em relações mal resolvidas e intranquilas, elas provocam ciúmes, disputa e competição e são usadas para controlar o outro”, completa.
Não importa a rede: Twitter, Instagram, Facebook, WhatsApp, até LinkedIn. Se você terminou, fuja de todos os perfis do seu ex. Você não vai mudar o que aconteceu stalkeando o ex ou esperando ele ficar online.
2. Você não está sendo infantil
“Corte a pessoa por completo”, aconselha Adriana Nunan, autora do livro “Relacionamentos Amorosos na Era Digital” e doutora em psicologia clínica. “Se o objetivo era acabar com o relacionamento, por que manter contato? Temos medo de julgamento, mas bloquear não é uma atitude infantil, é uma atitude de autopreservação”, completa. Viu?
Ficar olhando as redes sociais e postagens de quem terminou com você pode prolongar o seu sofrimento e também o seu vínculo com aquela pessoa. “Não é saudável”, diz Nunes.
Para Capelas, é preciso coragem para dizer não àquela espiadinha no perfil do ex-consagrado. “Quando você não põe um ponto final, o relacionamento se alonga”, afirma.
“Se não era tóxico, acaba ficando. A gente não precisa sofrer por conta de um relacionamento nem quando está nele nem quando termina”, diz.
Bloquear pode ser um ato de gentileza consigo mesmo —ou até com o outro. “Se eu não quero mais o outro, por que vou deixar que ele me veja feliz sem ele? Isso só vai magoar, por que fazer?”, questiona Capelas.
“Mesmo que você seja a pessoa que terminou, diria que é ético desaparecer da vida de ex”, diz.
E se você for bloqueado, não leve a mal. “Para quem terminou, o fim do relacionamento não é uma surpresa, mas, para o ‘terminado’, não houve um alerta. Ser pego de surpresa magoa muito”, lembra Nunes.
O block pode indicar raiva, sim, mas também tristeza ou uma tentativa do outro de se reerguer, então seja compreensivo, mesmo que a decisão de terminar não tenha sido fácil de ser tomada.
E se o seu/sua ex te impediu de entrar em contato e ver postagens, respeite. Nas redes sociais —e na vida—, o que vale é o bom senso.
3. O Instagram é uma vitrine
Quando você conhece alguém novo, qual a primeira coisa que você faz? Dá aquela fuçadinha no Instagram, certo? Quem está de volta ao mercado precisa vender seu peixe.
“Você posta o que você quer ser, não o que você é de fato. Passa a sensação de que a sua vida está ótima e de que a fila andou”, diz Nunes. E aí quem está do outro lado se sente uma porcaria, né?
Por mais que a gente saiba que a imagem nas redes sociais é toda construída, que é uma curadoria dos melhores momentos das nossas vidas, a grama do vizinho sempre parece mais verde. E se for de alguém que te magoou, então, parece que ela até floresce.
Para evitar maiores transtornos (mentais), lembre-se: nada no Instagram é 100% real. E bloqueie, se necessário.
4. Não precisa bloquear todo mundo
Se você ficou amigo dos amigos ou ficou muito próximo da família, não precisa sair bloqueando geral. “Peça para a pessoa não te contar coisas sobre o ex para que seja possível manter a amizade”, aconselha Nunes.
Além disso, controle-se para não ficar procurando a cara de quem não quer mais te ver no perfil alheio.
5. Pode ser temporário
A não ser que você tenha passado por um relacionamento abusivo ou violência doméstica, o bloqueio não precisa ser para sempre. Em média, as pessoas podem levar até um ano para superar um relacionamento que terminou, segundo Nunes, então, seja paciente.
Para Capelas, existe um número mágico para manter o sumiço, que é de três meses. “Nesse tempo você se reorganiza, e novos hábitos são criados”, afirma.
“Tem gente que é legal e é uma pena perder na nossa vida, então, se a pessoa não fez nada grave e o término foi apenas uma incompatibilidade, dá para voltar a conversar”, diz Capelas. “Não precisa ser melhor amigo, mas pode manter contato.”
Depois de um tempo de afastamento, fica mais tranquilo poder voltar a conversar de uma maneira amigável e, quem sabe, estabelecer regras para uma convivência saudável —afinal, um dia você já amou aquela pessoa.
Bônus: faça terapia
Seja você o “terminado” ou o “terminador”, investigue os motivos que levaram a relação ao fim, tanto para evitar cair numa nova cilada quanto para se conhecer melhor e superar o término, que pode ser encarado como uma espécie de luto, e merece atenção.
Consultar um especialista pode nos ajudar a entender melhor a importância que damos às redes sociais, os erros que cometemos online e offline quando nos relacionamos e nos ajuda a não cometer mais os mesmos erros.
Ao invés de olhar para a tela, que tal olhar para dentro?