cartões clonados após compra de ingresso online


Participantes do festival Micareta São Paulo, que terá shows de Ivete Sangalo, Luísa Sonza e Pabllo Vittar, entre outras atrações, de 16 a 18 de junho, afirmam nas redes terem sido vítimas de tentativas de clonagem dos cartões utilizados para comprar ingressos para o evento pela internet.

O evento é organizado pela San Folia, empresa de venda de ingressos ligada ao grupo San Sebastian. A reportagem tentou contato com a empresa, sem sucesso. Mas no Twitter, ela confirmou que o sistema de processamento de pagamentos “sofreu golpes”.

Nas redes sociais, várias das vítimas relataram ter tido problemas após fazerem a compra pelo site da San Folia. Os ingressos também estão sendo comercializados pela Ticket360, que também não respondeu às tentativas de contato de Tilt.

Nas redes sociais do grupo San Sebastian, uma mensagem dá a entender que a empresa está ciente da situação, que chama de “problemas enfrentados por alguns clientes”. A mensagem identifica a fonte desses problemas como sendo o sistema de pagamentos da Digita, empresa de tecnologia da informação que oferece soluções para e-commerce.

Por isso, a San Folia diz ter solucionado a questão ao alterar o processamento dos pagamentos por cartão para a empresa Cielo. A Digita também não foi encontrada para comentar o caso.

A Micareta São Paulo será realizada na Arena Anhembi, na capital paulista, entre os dias 16 e 18 de junho, paralelamente à Parada LGBTQIA+. Além das atrações já mencionadas, estão previstos shows de Daniela Mercury, Claudia Leitte, Gloria Groove, Ludmilla, Alinne Rosa e É o Tchan. Uma nova edição do evento está prevista para novembro, em Salvador, com atrações similares.

Vítimas

Os consumidores cujos cartões viraram alvo de tentativas de golpe identificaram a compra do ingresso para a Micareta como a raiz do problema por meio de conversas nas redes sociais. É o caso de Tay Paes, 31 anos, consultor de diversidade e inclusão, que afirmou ter comprado o ingresso diretamente com a San Folia, no final de março.

“Ontem eu fui ao cinema ver ‘Jurassic Park’ e, quando saí, notei que tinham tentado passar um valor de zero reais no meu cartão em um hotel em Gramado. Devia ser alguém testando para ver o limite”, conta. Em seguida, ao entrar em contato com um amigo, ele soube que algo similar estava acontecendo com outras pessoas, todas elas tendo feito a compra do mesmo ingresso.

Uma dessas pessoas é o professor Bruno Cardoso, de 38 anos, que também diz ter notado movimentações estranhas no seu cartão de crédito ontem, por volta das 23 horas. Como não tinha atendimento do cartão naquele horário, ele apenas se manifestou no aplicativo, dizendo que não tinha feito a compra.

Depois, ao reconhecer o padrão nas redes sociais, deduziu que seu cartão provavelmente também tinha virado alvo dos golpistas, já que ele fez a compra de ingresso para o evento no site da San Folia.

Problemas até com cartão virtual

Mesmo consumidores que utilizaram cartão virtual, tecnologia desenvolvida para dificultar golpes, relataram terem tido problemas. É o caso do publicitário Pedro Costa, 30, que comprou o ingresso na semana passada e, no dia seguinte, já estava recebendo notificações de movimentações que não reconhecia em seu cartão.

“Comprei [o ingresso] na terça-feira à noite. Na quarta-feira de tarde, recebi a primeira notificação, de que meu cartão havia sido verificado numa empresa X. Só que eu não tinha feito nada com essa empresa”, afirma. Como é padrão nesses casos, a primeira compra suspeita foi feita com um valor baixo, de R$ 10.

Ele então buscou reduzir o limite do seu cartão virtual, o que se provou uma atitude correta: na quinta-feira, uma compra maior foi tentada, no valor de 500 reais. “Nessa segunda tentativa, se eu tivesse limite suficiente, ela teria sido aprovada. Então, preferi cancelar o cartão.”

O cartão virtual também foi alvo no caso da gestora de tecnologia Julia Dorigo, 39. Mesmo com a San Folia alertada do problema e tendo alterado seu sistema de pagamentos, ela foi vítima de uma tentativa de golpe na tarde desta quarta, quando os criminosos tentaram fazer uma compra de cerca de R$ 4.000 com o seu cartão.

“É chato, mas cada vez está acontecendo mais”, diz Julia, que afirma estar enfrentando a terceira tentativa de clonagem de cartão só este ano. Ela se queixa do trabalho que tem para cancelar e, depois, recadastrar os cartões em aplicativos de delivery de comida e transporte e sites de pagamento.

“Apesar de poder ter sido um vazamento, acho que os bancos precisam melhorar os processos deles também”, desabafa. “São operações completamente diferentes de qualquer outra no meu cartão, a IA deles tem que ser capaz de detectar.”



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