Bicicletas se equilibram sozinhas?


É verdade que bicicletas se equilibram sozinhas?
Pergunta de Artur de França, Rodeiro (MG) – quer enviar uma pergunta também? Clique aqui.

Sim, caro rodeirense. Desde que elas sejam empurradas, de saída, perpendiculares ao solo (formando um ângulo de 90º com o chão) e a uma velocidade suficiente (se for lento demais, não rola) para manter o equilíbrio – que só dura enquanto a velocidade não diminui demais.

Chamei o professor Cláudio Furukawa, do Instituto de Física da USP, para uma pedalada e ele me deu uma aula sobre o assunto.

Sempre equilibrado, primeiramente explicou que, ao contrário do que pensou inicialmente, o equilíbrio não é provocado apenas pelo efeito giroscópico (tendência de um objeto em rotação a manter a orientação dessa rotação) causado pelas rodas girando, como muitas vezes é explicado, de maneira simplificada, em aulas e livros de física. “O equilíbrio dinâmico é mais complexo do que se pensava, e o efeito giroscópico não é fator primordial”, afirma.

Furukawa também pontua que a conservação do momento angular, que é o que mantém os piões girando em pé, e que supostamente seria um fator primordial para o equilíbrio de uma bike, não faz diferença em baixas velocidades, como a de nosso passeio.

“É que as rodas de bicicleta são leves e, em baixas rotações, têm pouca quantidade de momento angular. No caso de motocicletas, por outro lado, a conservação do momento angular influencia no equilíbrio por causa das altas velocidades, já que os pneus têm mais massa e giram em altas rotações.”

Pesquisando mais a fundo, Furukawa descobriu que o que mantém uma bike em pé vai além da habilidade humana de controlar o guidão ou a inclinação da magrela. O que mais conta, aparentemente, é a capacidade da bicicleta de corrigir seu equilíbrio. E, por mais surreal que pareça, ela não depende de ninguém montado para fazer isso.

Dê uma olhada no vídeo a seguir para entender como esse autoequilíbrio funciona:

O guidão solto, sensível a irregularidades do terreno, é fundamental para essa manutenção de equilíbrio. Conforme a bicicleta avança, com alguém em cima ou não, ele se ajusta constantemente, dançando pra lá e pra cá a fim de compensar as forças que desestabilizam o veículo. Para quem acompanhou a Fórmula 1 dos anos 1990, é como se fosse uma suspensão ativa, que automaticamente se adapta a deformações do solo, mantendo o carro estável, sem trepidações.

No vídeo acima, os experimentos demonstram outra curiosidade contraintuitiva em relação a essa parte da bicicleta em que apoiamos as mãos – pelo jeito, mais para descansar do que para mantê-la em pé.

Ao contrário do que possa parecer, para fazer uma curva, o primeiro passo é inclinar o guidão levemente para o lado oposto do que se pretende ir. Ninguém percebe, mas todo mundo faz isso. O movimento “invisível” faz a bicicleta se inclinar para o lado oposto, iniciando a mudança de trajetória. Só então é que giramos o guidão – não para orientar o movimento, mas orientados pelo movimento que a bicicleta já tomou.

Finalizando a pedalada, Furukawa afirma que, tanto para o equilíbrio (com ou sem piloto) como para iniciar uma curva, “o que parece ser importante é a rápida correção, com o guidão virando na mesma direção para a qual a bicicleta está pendendo.”

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