“Esta semana será a mais quente de 2022”, advertiu no Twitter o diretor de previsão do Instituto Real de Meteorologia (IRM) da Bélgica, David Dehenauw, após o cumprimento dos requisitos para que aquele organismo classificasse as temperaturas como uma onda de calor: máximas de pelo menos 25 graus por cinco dias consecutivos e chegando a 30 em três deles.
Embora os termômetros estejam atingindo níveis recordes absolutos próximos ao máximo na estação de referência Uccle de 39,9 °C em 2019, quando os termômetros chegaram a 40,6 na cidade de Kleine-Brogel, a circunstância meteorológica que mais chama a atenção neste ano é a falta de água da chuva, em um país onde é parte indissociável da paisagem e do imaginário coletivo.
“A seca está tornando o solo belga mais amarelo e isso pode ser visto do espaço”, diz um artigo no site da emissora “RTBF”, nesta segunda, que ilustra o fenômeno da falta de água, que mostra os piores registros desde a grande seca de 1976, que marcou uma geração de agricultores belgas.
A primavera de 2022 já foi particularmente seca, com apenas um terço das chuvas em relação à média histórica, e em junho, apesar de alguma chuva, foram registrados 16 dias em que o termômetro ultrapassou os 30 graus, um marco com chances de se repetir uma vez a cada 400 anos, de acordo com o IRM.
Mas o verão está causando estragos: o mês de julho de 2022 foi o mais seco em 137 anos, com apenas cinco milímetros de chuva caindo em Bruxelas em comparação com a média histórica de 76,9 e números que nos obrigam a buscar referências em 1885. Desde então, nenhum mês de julho tinha sido tão seco, e apenas em 1922 esse recorde foi igualado.
Diversos municípios da região belga da Valônia, como Léglise e Saint-Hubert, já restringem o consumo de água, como em países como França e Espanha, mediterrâneos e mais quentes que a Bélgica.
A falta de chuva naquela região contrasta com as inundações históricas que ocorreram em 2021, quando as inundações do rio em julho mataram 39 pessoas no maior desastre natural da história belga.
A comunidade científica afirma que esses fenômenos são consequência das mudanças climáticas, causadas pelo acúmulo de CO2 na atmosfera como consequência da atividade humana, e adverte que o calor e a seca são uma combinação perigosa.
“O risco de incêndios florestais está aumentando, um fenômeno para o qual a Bélgica não está suficientemente preparada”, explica Xavier Fettweis, professor de climatologia da Universidade Católica de Louvain, ao jornal belda “Le Soir”.
A região de Flandres proibiu permanentemente o fumo ou acender fogueiras em florestas e parques naturais, uma regra que até agora era aplicada apenas em casos de alerta, e se prepara para um futuro com mais episódios de seca. EFE