Duas galáxias em pleno processo de colisão e fusão foram registradas numa imagem divulgada por astrônomos que trabalham no telescópio Gemini Norte, no Estado americano do Havaí. Elas parecem formar uma espécie de “borboleta sideral”, cada uma sendo uma de suas asas.
Apelidadas também de “galáxias borboletas”, a NGC 4568 e a NGC 4567 estão localizadas a cerca de 60 milhões de anos-luz da Terra (cada ano-luz corresponde a 9,5 trilhões de km), na região do Aglomerado de Virgem.
Esse processo de fusão galáctica é lento para os nossos parâmetros: de acordo com o comunicado divulgado pelos astrônomos, as “asas” da borboleta vão formar uma nova galáxia elíptica somente daqui a cerca de 500 milhões de anos.
Por que a imagem é importante
Segundo o comunicado do NOIRLab, a imagem também nos permite ver uma “prévia” do que ocorrerá com a nossa própria galáxia, a Via Láctea. Ela deve colidir com a galáxia mais próxima, a de Andrômeda, em cerca de 5 bilhões de anos.
Embora as “asas” pareçam próximas na foto, elas ainda estão separadas por uma distância de 20 mil anos-luz, o que equivale a três quartos da distância entre a Terra e o centro da Via Láctea. As galáxias estão presas uma à outra, destinadas a se fusionarem, devido à força do seu centro gravitacional mútuo.
Ainda é possível notar suas formas originais, de espiral, mas à medida em que a fusão avança isso se tornará impossível. As galáxias perderão suas estruturas espirais à medida que suas forças gravitacionais em combate desencadearem intensas explosões de formação estelar.
Ao longo dos próximos milhões de anos, à medida que as galáxias se contorcem em círculos cada vez mais apertados, correntes de gás e estrelas serão disparadas de cada uma. Aos poucos, se formará uma única galáxia elíptica.
Quando isso ocorrer, os “ingredientes” necessários para a formação estelar, que são nuvens frias e densas de gás e poeira, terão sido totalmente utilizados ou expulsos das galáxias originais. Assim, não haverá mais a formação de novas estrelas na galáxia final.
Quem divulgou
Os astrônomos responsáveis por capturar e publicar a imagem da “borboleta cósmica” trabalham para o Laboratório Nacional de Pesquisa em Astronomia Óptica Infravermelha, conhecido pela sigla NOIRLab, um centro de pesquisa financiado pelo governo dos Estados Unidos.
É o NOIRLab que opera o telescópio Gemini Norte, e ele faz parte do Observatório Gemini, projeto astronômico que inclui outro telescópio, o Gemini Sul, instalado no Chile.
Além dos EUA, órgãos governamentais de Canadá, Brasil, Chile e Argentina também estão envolvidos no projeto.