Paris, 20 Abr 2022 (AFP) – As populações de insetos são quase a metade nas regiões afetadas pelo aquecimento global e agricultura intensiva do que nos habitats mais preservados, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (20), que traz temores sobre as consequências para a polinização das plantações.
Os pesquisadores mediram tanto a quantidade de insetos como o número de espécies diferentes presentes em várias regiões do mundo.
O estudo, publicado pela revista Nature, conclui que a população total de insetos foi reduzida quase à metade. O número de espécies caiu 27%.
“As reduções são maiores abaixo dos trópicos”, declarou à AFP a autora principal do estudo, Charlie Outhwaite, da University College de Londres.
Ela acredita que estes números podem estar subnotificados devido à falta de dados nas regiões tropicais.
– Conter a redução -A redução da quantidade de insetos, cruciais para a dieta de muitas outras espécies, tem consequências desastrosas.
Aproximadamente três quartos dos 115 cultivos alimentares mais importantes dependem da polinização, como cacau, café e cerejas.
Alguns insetos, como joaninhas, louva-a-deus e vespas, também são necessários para controlar outros insetos prejudiciais para os cultivos.
O estudo indica que os efeitos combinados da mudança climática e da agricultura intensiva, incluindo o uso generalizado de inseticidas, são piores que estes dois fatores atuando em separado.
Mesmo que não houvesse a mudança climática, a transformação de uma floresta tropical em terreno agrícola aquece a região pela perda de vegetação que proporciona sombra e mantém a umidade do ar e do solo.
Em um estudo anterior, os pesquisadores estimaram que o número de insetos voadores havia diminuído em uma média de 80% na Europa, o que teria provocado uma redução das populações de aves.
A nova pesquisa sugere formas de sobrevivência dos insetos como uma agricultura extensiva com menos produtos fitossanitários e cercada por habitats naturais.
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