Após críticas a Musk, funcionários da SpaceX são demitidos da empresa


Pelo menos cinco funcionários da SpaceX, empresa de desenvolvimento aeroespacial, foram demitidos após publicarem uma carta aberta criticando os recentes comportamentos do seu diretor-presidente, Elon Musk. O número de demissões foi comentado por duas fontes à agência Reuters de notícias.

O texto cita o comportamento de Musk — famoso tanto por ser o homem mais rico do mundo quanto por suas polêmicas — como uma fonte frequente de “distração e constrangimento”. A companhia demitiu os responsáveis pela redação e distribuição da carta um dia após o documento circular internamente entre os funcionários.

A carta aberta, divulgada em primeira mão pelo The Verge, critica a presença de Musk no Twitter, além das recentes alegações de assédio sexual feitas contra ele, negadas pelo empresário. No documento, os funcionários pedem às lideranças da empresa que separem “rápida e explicitamente” a empresa da “marca pessoal” de Musk.

O documento chegou a 2.600 funcionários por meio de um canal de comunicação interna da empresa e contou com a assinatura de funcionários, validados através de formulários digitais ou Código QR. Na lista de assinantes estavam presentes todos os espectros de gênero, etnia, idade e funções técnicas da SpaceX.

“Como nosso CEO e porta-voz mais proeminente, Elon é visto como o rosto de SpaceX — cada tuíte que Elon envia é uma declaração pública da empresa. É fundamental deixar claro para nossas equipes e nosso potencial grupo de talentos que essa mensagem não reflete nosso trabalho, nossa missão nem nossos valores”.

A publicação cita ainda as políticas de “Tolerância Zero” e “Sem grosseria” adotadas pela empresa para repreender comportamentos inadequados — mas que são reiteradamente violadas por Musk.

“Ativismo exagerado”

A presidente e diretora de operações da SpaceX, Gwynne Shotwell, confirmou, por meio de um email repassado aos funcionários, que a SpaceX “dispensou vários funcionários envolvidos” na redação da carta após uma investigação interna da empresa.

“A carta, as solicitações e o processo geral fizeram os funcionários se sentirem desconfortáveis, intimidados e/ou irritados porque a carta os pressionou a assinar algo que não refletia seus pontos de vista. Temos um muito trabalho crítico a realizar e não há necessidade desse tipo de ativismo exagerado”, disse em comunicado, repassado ao The New York Times.

“Lamento pela distração. Por favor, mantenha o foco na missão SpaceX e use seu tempo no trabalho para fazer o seu melhor. É assim que chegaremos a Marte”, finalizou Shotwell, em resposta.

A polêmica carta acontece quase um mês após a divulgação de uma denúncia de que a empresa SpaceX teria pago cerca de US$ 250 mil a uma ex-comissária de bordo da empresa para manter em silêncio após as acusações de assédio sexual feitas por ela à Musk.

Decisão pode ir a tribunal

Especialistas acreditam que este pode não ser o ponto final da disputa entre os funcionários e a gestão da empresa, já que o prazo de demissão após a publicação da carta pode configurar ações trabalhistas nos tribunais dos Estados Unidos.

Charlotte Garden, professora de Direito na Universidade de Seattle, explica que apontar a carta como “ativismo exagerado” é uma prova direta de que o caso é assunto de tribunal. “Para ir à juri, uma ação tem que ser orquestrada (certamente o caso aqui) e tem de estar ligada a condições de trabalho”, pontua.

Para Mary Inman, advogada que atua na agência de proteção de informantes Constantine Cannon, as 24 horas entre a publicação da carta e a decisão da demissão podem configurar prova de que é uma resposta a manifestações trabalhistas.

“Isso pode muito bem ser visto como retaliação por se posicionar”, afirma ela ao The Verge. “O que isso comunica aos funcionários? Basicamente, isso diz [que] nós não queremos que vocês se manifestem.”

(*) Com informações de Reuters, The New York Times e The Verge



Source link

Se inscreva na nossa Newsletter

Veja Mais

Sem categoria

Entrevista com Sérgio Buniac, presidente global da Motorola

Tilt: Como vocês têm lidado com as concorrentes chinesas? Chega a ser um problema ou passa longe de ser uma preocupação? SB: Podemos competir com qualquer fabricante de qualquer região. Não é fácil, mas somos competitivos – não custa lembrar que somos chineses também [a chinesa Lenovo é dona da Motorola Mobility]. Sobre ser uma

Sem categoria

5G pode atrasar em até 60 dias em 15 capitais brasileiras

O Grupo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que acompanha a limpeza das faixas para ativação do 5G propôs, nesta sexta-feira, 12, mais 60 dias de prazo para que a tecnologia comece a rodar em 15 capitais brasileiras, a maioria delas localizada nas regiões Norte e Nordeste. O conselho diretor da Anatel ainda precisará aprovar