5 perguntas e respostas para entender o metaverso


Por enquanto, o metaverso segue como uma tecnologia mais debatida do que, de fato, experimentada. Mas acredite: esse conceito de um espaço virtual, com representação digital de itens e pessoas, onde poderemos interagir de maneiras nunca imaginadas, está cada vez mais próximo.

Isso porque duas gigantes já estão empenhadas nessa nova realidade (virtual): a Meta, que controla as principais redes sociais do mundo, e a Microsoft.

A primeira já tem o headset Oculus, e a segunda tem o Hololens. Ambas acumulam bilhões de usuários. Facebook, Instagram e WhatsApp contam com pelo menos 1 bilhão cada, enquanto a Microsoft tem o Office, um dos programas para escritório mais usados no mundo.

E tem mais cachorro grande ensaiando entrar na briga. A Apple usa filtros em videochamadas há um tempo e tem planos de ter seu próprio óculos de realidade virtual. E o Google tem a divisão Labs, com vários experimentos em realidade aumentada.

Mas, se você quiser uma prévia, nem precisa ir tão longe: é só ligar seu videogame (ou seu celular). Jogos como Free Fire, Fortnite e Minecraft já são uma espécie bem-sucedida de metaverso.

Ao entrar nestes “mundos fechados”, cada pessoa escolhe um avatar para navegar naquele mundo digital, em que é possível comprar itens, como roupas e armas. A interação é toda feita por uma tela e não é possível transitar entre esses diferentes universos.

Como o metaverso será usado?

O que as companhias Big Tech vislumbram é uma combinação de elementos de tecnologia (como realidade virtual, realidade aumentada e vídeos) que permitirá às pessoas existir em um ambiente digital com uma ampla liberdade de movimentos, escolhas e interações. É como se as pessoas estivessem “dentro da internet”.

Por exemplo: hoje em dia, você faz uma chamada de vídeo pelo smartphone para falar com seu amigo. Sua interação toda é basicamente com uma tela equipada com uma câmera.

Em um futuro próximo, você poderá usar um par de óculos de realidade virtual para acessar o metaverso e bater um papo com um holograma realista do seu melhor amigo, com direito até a linguagem corporal.

O ambiente dessa conversa poderia ser uma representação 3D da sua casa ou algum local de sua preferência, como uma praia no Havaí.

Avatares ultrarrealistas demonstrados pela Meta durante conferência Connect 2021 - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook

Avatares ultrarrealistas demonstrados pela Meta durante conferência Connect 2021

Imagem: Reprodução/Facebook

Por que o metaverso ainda “não pegou”?

Isso ainda está longe de ser factível em grande escala. Atualmente, óculos de realidade virtual são caros e podem causar tontura nas pessoas, por exemplo.

Também não há sistemas de captação de imagem 3D de alta qualidade facilmente acessíveis. Em uma de suas apresentações, a Meta afirmou que as tecnologias necessárias para “este novo mundo digital” demorarão de 5 a 10 anos para se tornarem realidade.

Quais serão os impactos do metaverso?

Ele tem potencial de mudar vários aspectos da experiência humana, especialmente aqueles que dependem de interação e acesso a informação.

Por exemplo, na educação: imagine o aluno “se teletransportando” para o espaço e vendo, de perto, os detalhes de um planeta. Ou na atividade física: pense em você mesmo fazendo bicicleta ergométrica em um cenário virtual, altamente realista, ao lado de pessoas de outros países.

O interesse de grandes empresas também se justifica pelo potencial financeiro do metaverso. Nossa experiência de comércio poderá ser toda transportada para um ambiente virtual: você seleciona em um supermercado digitalizado, e a encomenda é enviada ao seu endereço no mundo real.

Mas mesmo o comércio de itens exclusivamente digitais também será intenso. Hoje, ele já representa um novo modelo de negócio nos games: os jogos são de graça, mas as empresas ganham (muito) dinheiro vendendo roupas para o jogador customizar seu avatar ou itens para facilitar seu avanço.

O que as empresas já criaram para o metaverso?

A Microsoft, por exemplo, anunciou recentemente o Mesh for Teams, um sistema de avatar na sua plataforma de comunicação. Em vez de aparecer na câmera ao vivo, uma pessoa pode usar um filtro de sua escolha para interagir.

A Meta tem o Horizon Worlds, uma ferramenta, ainda em desenvolvimento, que permite que programadores criem mundos virtuais. A companhia de Mark Zuckerberg também divulgou uma parceria com a Microsoft, para que usuários do Teams possam acessar reuniões com o Workplace (a ferramenta de comunicação empresarial da Meta) e vice-versa – como uma espécie de integração de dois mundos fechados.

Tudo indica que esses ambientes profissionais virtuais serão um dos primeiros usos práticos do metaverso em larga escala. Promover o contato entre funcionários, em espaços controlados e estimulantes, virou uma demanda poderosa após a pandemia e a consolidação do home office.

O metaverso é um sucesso garantido?

Ainda é cedo para saber se essa imersão prometida vai ser bem aceita pelas pessoas. Também não sabemos os tipos de problemas que ela irá nos proporcionar. Imagine alguém roubar seu avatar e se passar por você, como já acontece em golpes via WhatsApp?

Em qualquer projeto de inovação (especialmente em algo tão radical), o fator humano é sempre o mais imprevisível. Mas, do ponto de vista teórico, tecnológico, financeiro e comercial, o metaverso é uma realidade iminente – e inescapável.

Não, não é só uma forma de a Meta desviar a atenção das pessoas para ninguém mais mencionar os males causados pelas redes sociais, denunciados no escândalo dos Facebook Papers. O metaverso deve chegar de mansinho, e quando menos perceber, estaremos dentro dele.



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